Uma das maiores dificuldades dos professores na atualidade é ensinar aos alunos a interpretação dos textos ou das perguntas a serem respondidas em provas ou tarefas. Pensando nisso resolvi abordar algumas questões que influenciam nesse contexto.
A Transferência
Pergunto: Como “aceitar”, compreênder a uma pergunta sobre alguma coisa e vinda de alguém no qual não se tem transferência? Sim, a palavra “transferência” no sentido Freudiano. No sentido de sentir-se transferido, numa situação de empatia para com o outro.
Acredito ser uma tarefa baseada na impossibilidade. O que fazer?
Outro dia, substituindo a um professor que era bastante querido pelos alunos, tive a oportunidade de pensar sobre a forma como uma matéria é passada aos mesmos. Assim que cheguei comecei ser testado, como se cada aluno perguntasse:
“Vamos ver se esse professor entrará no meu mundo como o outro professor que consegue nos ensinar ?”
Essa mesma pergunta poderia ser traduzida assim:
“Veremos se esse professor conseguirá fazer com que o decifremos para que possamos compreendê-lo e assim apreendê-lo para aprender.”
Como em uma terapia em grupo, onde cada pessoa tem seu lugar cuidadosamente respeitado, propus respeitar a cada aluno em seu modo de expressão, tempo e compreênsão. Escutei e “ouvi” àqueles que não queriam responder à tarefa, acolhi esse desejo, respentei o tempo e a tarefa foi respondida. Acolhi também àqueles que diziam não entender o que estava sendo pedido e consegui que as respostas saíssem deles ou do grupo aceitando e discutindo sobre o que não estava sendo entendido”. E acolhi àqueles que desejavam responder a mim e não ao texto, sem se darem conta de que respondiam aos dois.
Resultado: Várias formas de responder às questões propostas, todas bem respondidas, nenhuma igual. Foi um bom trabalho, pensei.
Pergunto agora aos orientadores e professores:
Estamos prontos ao discurso dos alunos, com seu tempo, suas vivências ou queremos sujeitos repetindo textos?
Em breve novas considerações…
Angelo Gustavo V. Lima
Psicólogo CRP 4/32970